sexta-feira, 21 de novembro de 2025

Conceito dos Três Horizontes de Inovação (H1, H2, H3) em Gestão de Portfólio de Inovação

Imagem criada por IA


O framework dos Três Horizontes (Three Horizons) foi criado por Mehrdad Baghai, Stephen Coley e David White no livro The Alchemy of Growth (1999) e popularizado pela McKinsey e por Robert Cooper. Ele é uma das ferramentas mais poderosas para organizar a Gestão de Portfólio de Inovação, pois ajuda a empresa a equilibrar o presente com o futuro.


A ideia central é dividir todos os projetos de inovação em três “horizontes” temporais e de maturidade diferentes:


HorizonteNome comumFoco principalTempo de retorno típicoTipo de inovação% recomendado de recursos
H1Core / DefesaMelhorar o negócio atual0–3 anosIncremental (melhorias, eficiência)70%
H2Crescimento / AtaqueExpandir para novos mercados ou produtos relacionados2–6 anosAdjacente (novos clientes, canais, categorias próximas)20%
H3Futuro / TransformaçãoCriar os negócios do amanhã5–12 anos (ou mais)Disruptiva / Radical10%


Detalhamento de cada horizonte

Horizonte 1 (H1) – “Proteger e estender o core”

São os projetos que otimizam o que já existe: redução de custo, melhoria de produto/serviço atual, aumento de eficiência operacional, pequenas evoluções.

Exemplo: nova versão do produto flagship, automação de processos, expansão geográfica no mesmo segmento.

Objetivo: gerar caixa hoje, defender market share, manter competitividade imediata.

Risco: baixo a médio. Retorno previsível.

Problema comum: empresas colocam 90–100% dos recursos aqui → “morre de sucesso hoje, mas fracassa amanhã”.


Horizonte 2 (H2) – “Construir negócios emergentes”

Projetos que esticam o core para áreas adjacentes: novos segmentos de clientes, novos canais, novos modelos de receita próximos ao atual.

Exemplo: uma montadora tradicional lançando uma linha de carros elétricos premium, um banco criando serviço de investimento digital (neobanking), uma empresa de alimentos entrando em plant-based.

Objetivo: garantir crescimento médio prazo e renovação do portfólio.

Risco: médio a alto. Precisa de investimento significativo e velocidade.

É o horizonte mais difícil de gerenciar (muitas empresas matam H2 cedo demais por pressão de resultado curto prazo).


Horizonte 3 (H3) – “Criar o futuro”

Ideias genuinamente disruptivas, muitas vezes com tecnologia ou modelo de negócio que ainda não existe no mercado ou na empresa.

Exemplo: Google criando o carro autônomo (Waymo), Amazon criando a AWS quando era apenas livraria online, Natura explorando bioeconomia da Amazônia em 2005.

Normalmente começa como experimento, startup interna, spin-off ou parceria com universidade/startup.

Objetivo: posicionar a empresa para o próximo “S-curve” de crescimento.

Risco: altíssimo (90% falha é normal). Retorno incerto e distante.

Precisa de proteção especial (orçamento ring-fenced, métricas de aprendizado e não de ROI imediato).


Regra prática mais usada: 70-20-10

70% dos recursos (orçamento + pessoas) → H1

20% → H2

10% → H3

Empresas de alta performance (Apple, Google, 3M, Amazon, Gore-Tex) seguem rigorosamente essa proporção ou algo muito próximo.


Visualização clássica (curva S)

Valor do negócio ↑ │ H3 ────────↗ │ ↗ H2 ↗ │ ↗ ↗ │ ↗ ↗ │ ↗ ↗ │ ↗ ↗ H1 (atual) │↗ ↗ +-----------------------------→ Tempo

O H1 atual vai eventualmente declinar. O H2 de hoje vira o H1 de amanhã, e o H3 de hoje vira o H2 do futuro. Quem não investe em H3 fica sem “próximo motor” quando o core atual saturar. Resumo rápido para reunião - H1 = faço mais e melhor o que já sei fazer (caixa hoje) - H2 = faço coisas novas, mas próximas do que já sei (crescimento amanhã) - H3 = faço coisas que ninguém sabe se vão dar certo (sobrevivência depois de amanhã) Gerenciar bem os três horizontes é a diferença entre empresas que sobrevivem 5 anos e empresas que duram 50+ anos.

Fale conosco na Amancio Quality Consulting

mailto:amancio.consulting@gmail.com

Whatsapp: (19) 99895-3115

Nenhum comentário:

Postar um comentário